O LIVRO DOS
ESPÍRITOS. CAPÍTULO IX.
PACTOS.
Não há alguma coisa de verdadeiro nos pactos com os
maus Espíritos, mas uma natureza má simpatiza com Espíritos maus. Por
exemplo: queres atormentar o teu vizinho e não sabes como fazê-lo: chamas então
os Espíritos inferiores que, como tu só queres o mal, e pura te ajudar
querem que também os sirvas nos seus maus desígnios. Mas disto não se
segue que o teu vizinho não possa se livrar deles por uma conjuração
contrária ou pela sua própria vontade. Aquele que deseja cometer uma ação
má, pelo simples fato de o querer chama em seu auxílio os maus Espíritos,
ficando obrigado a servi-los como eles o auxiliam, pois eles
também necessitam dele para o mal que desejam fazer. É somente nisso que
consiste o pacto.
A dependência em que o homem se encontra, algumas
vezes, dos Espíritos inferiores, provém da sua entrega aos maus pensamentos que
eles lhe sugerem e não de qualquer espécie de estipulações feitas entre eles. O
pacto, no sentido comum atribuído a essa palavra, é uma alegoria que figura uma
natureza má simpatizando com Espíritos malfazejos.
Quanto ao sentido das
lendas fantásticas segundo as quais certos indivíduos teriam vendido sua alma a
Satanás em troca de favores, podemos dizer que
todas as
fábulas encerram um ensinamento e um sentido moral e o vosso erro é
torná-los ao pé da letra. Essa é uma alegoria que se pode explicar assim:
aquele que chama em seu auxílio os Espíritos para deles obteres dons da
fortuna ou qualquer outro favor se rebela contra a Providência, renuncia à
missão que recebeu e às provas que deve sofrer neste mundo e sofrerá
as consequências disso na vida futura. Isso não quer dizer que sua alma
esteja para sempre condenada ao sofrimento. Mas, porque em vez de se
desligar da matéria ele se afunda cada vez mais, o gozo que preferiu na
Terra não o terá no mundo dos Espíritos, até que resgate a sua falta
através de novas provas, talvez maiores e mais penosas. Por seu amor aos
gozos materiais coloca-se na dependência dos Espíritos impuros: estabelece-se
entre eles um pacto tácito, que o conduz à perdição, mas que sempre, lhe
será fácil romper com a assistência dos bons Espíritos, desde que o queira
com firmeza.
Bibliografia: O
livro dos Espíritos.
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