CAPÍTULO VIII-BEM AVENTURADOS AQUELES QUE
TÊM OS OLHOS FECHADOS.
Em nosso
planeta existem pessoas cegas por natureza, os que se fazem de cegos, ou cegos
que conduzem cegos.
Para as
pessoas que se enquadram nestes fatores, devem ter atenta atenção para esta
explanação que foi dada por uma pessoa cega por natureza, para a qual foi
evocado o Espírito de J.B. Vianney, cura d´Ars.
Meus bons
amigos por que me haveis chamado?
É para me
fazer impor as mãos sobre a pobre sofredora que está aqui, e a cure? Ah! Que
sofrimento meu Deus! Ela perdeu a vista e as trevas tomaram conta dela. Pobre
criança, que ore e espere; não sei fazer “milagres” sem a vontade do Bom Deus.
Todas as curas que pude obter e que vos foram assinaladas, não atribuais senão
àquele que é o nosso Pai em tudo.
Portanto
olhai para os Céus todas as vezes que a aflição quiser tomar conta de si, e
dizei com todas as forças do seu coração: Meu Pai curai-me, mas fazei de minha
alma doente que seja curada, antes que as enfermidades tomem conta do meu corpo.
Mais se preciso for, que a minha carne seja castigada para que minha alma possa
se elevar até Vós, com a brancura que tinha quando me criaste. Depois desta
prece, Deus ouvirá dando-lhe forças e coragem, e talvez a cura que não pediste
senão de forma timidamente, como recompensa da Vossa abnegação.
Ele vos dirá que aqueles que estão privados da
visão são os abençoados da expiação. Que devem lembrar o que Jesus deixou dito,
que seria preciso arrancar os olhos se ele fosse mau, e que valeria mais se fosse
lançado ao fogo, do que ser a causa da vossa perdição. Ah! Quantos há sobre a
Terra que maldirão um dia nas trevas, se tiverem visto a luz! Sim são felizes
estes que na expiação são atingidos na vista, onde o seu olho por certo não
será alvo de escândalo e de queda; podem viver inteiramente a vida a luz do
Espírito, onde podem ver mais que vós, que podem ver as claras. Quando Deus me permite
descerrar as pálpebras a algum desses sofredores e devolver-lhes a luz, e digo
a mim mesmo: Alma querida, que pena não conheceres as delícias do Espírito que
vive de contemplação e de amor! Não pedirias então, que te concedesse ver
imagens menos puras e menos suaves, do que as que é te dado entrever na tua
cegueira!
Bem-aventurados
os cegos que querem viver com Deus, muito mais felizes que vós. Eles sentem a
felicidade, tocando-a, onde veem as almas, e podem se lançarem com todas elas
nas esferas Espirituais. Um olho aberto está sempre pronto para fazer a alma
falir, já o olho fechado está sempre pronto a fazê-la alçar para Deus. A
verdadeira cegueira é frequentemente a luz do coração, enquanto que a vista é
frequentemente o anjo tenebroso que conduz a morte.
Finalizando, alguma
palavra para ti sofredora, espere e tenha coragem! Se lhe dissesse, minha filha
seus olhos vão se abrir, como seria ditoso! E quem sabe se esta mensagem não te
perderia? Tenha confiança em Deus que faz a felicidade e permite a tristeza!
Ele fará de tudo o que for permitido, mas a seu turno, ora e, sobretudo medita
em tudo o que foi dito.
Antes que Ele
se afaste, vós todos que estais aqui, recebei a benção.
Concluindo:
Quando a causa da nossa cegueira não é identificada, só pode ter a sua origem
na encarnação passada. O que às vezes é chamado de caprichos da sorte, não são outras
coisas que a lei das causas e efeitos funcionando, que vem a ser o resultado
daquilo que plantamos. Esta lei foi criada por Deus e é executada pela natureza
que Ele criou que não inflige punições arbitrárias, onde quer que entre falta e
a pena haja sempre relação. Se Ele nos lançou um véu sobre nossos atos passado,
nos alerta no presente dizendo: “Quem pela espada fere, perecerá por ela”. Isto
quer dizer que sempre será punido por aquilo que plantou, ou pecou para ser
mais claro.
Portanto
aquele que reclamar pela perda da sua visão propriamente dita, deve lembrar que
foi através dela que praticou o mau a terceiros. Exemplo. Talvez alguém tenha
ficado cego da vista pelo excesso de trabalho imposto por ele, ou em
consequência de maus tratos ou da falta de cuidados, etc.
O causador
desta tragédia ao reencarnar, escolheu essa expiação para pagar as suas dívidas
nesta encarnação, ou seja, ficar cego dos olhos. Lembremo-nos das palavras de
Jesus: “Se vosso olho vos é motivo de escândalo, arrancai-o”.
Portanto
irmãos, vamos cuidar com aquilo que plantamos, e vamos tirar dos olhos a nossa
venda que nos deixa cegos, e vamos plantar boas sementes para que possamos
colher bons frutos.
Palavras de
Emmanuel:
A provação
são poucos os que suportam, a lição que raros aprendem.
Depois de
regulares períodos de paz e ordem, a alma é visitada pela provação que, em nome
da Sabedoria Divina, lhe confere os valores e conquistas.
Raros, porém
são aqueles que a recebem dignamente.
O impulso
quase sempre, converte-a em falta grave.
O impaciente
faz dela a escura paisagem de desespero, onde perde as melhores oportunidades
de servir.
O triste
desvaloriza-lhe as sugestões e dorme sobre as probabilidades de auto-superação,
em longas e pesadas horas de choro e desalento.
O ingrato
transforma-a em fragmento de rocha com que apedreja o nome e o serviço de
companheiros e vizinhos.
O indiferente
foge-lhe aos avisos como quem escapa impensadamente da orientadora que lhe
renovaria os destinos.
O leviano
esquece-lhe os ensinamentos e perde o ensejo de elevar-se, por sua influência,
a planos mais altos.
Só aqueles
que a recebem por esmeril renovador conseguem extrair as preciosidades.
É por isso
que nem todos os aflitos podem ser bem-aventurados, de vez que, somente
aproveitando a dor para a materialização consistente de nossos ideais e de
nossos sonhos, é que se nos fará possível encontrar a alegria triunfante do
aprimoramento em nós mesmos, a que somos todos chamados pela vida comum, nas
lutas de cada dia.
Bibliografia.
O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Mensagem
escrita e interpretada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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