O LIVRO DOS ESPÍRITOS
DA INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO
MUNDO CORPORAL
CAPÍTULO IX. FACULDADE, QUE TÊM
OS ESPÍRITOS, DE PENETRAR OS NOSSOS PENSAMENTOS.
Os
Espíritos tudo podem ver o que fazemos, porque sempre nos rodeiam. Cada um
porém, só vê aquilo a que lhe interessa. E não se ocupam com o que lhes é
indiferente.
Eles
podem conhecer os nossos mais secretos pensamentos, pois muitas vezes chegam a
conhecer o que desejaríamos ocultar de nós mesmos. Nem atos e pensamentos se
lhes podem dissimular.
Seria
mais fácil ocultarmos de uma pessoa viva qualquer coisa, do que esconder dessa
mesma depois de morta.
Quando
nos julgamos muito ocultos, é comum termos ao nosso lado uma multidão de
Espíritos a nos observar, pois vivemos entre dois mundos, o material e o Espiritual.
Os
que nos cercam e observam, pensam da seguinte maneira:
Os
levianos riem das pequenas partidas que nos pregam e zombam das nossas
impaciências. Já os sérios se condoem dos nossos reveses e procuram ajudar-nos.
INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS
EM NOSSOS
PENSAMENTOS E ATOS
A Influência dos Espíritos em
nossos pensamentos e em nossos atos, é muito mais que imaginamos. Influem a tal ponto, que,
de ordinário, são eles que nos dirigem.
Nossa alma é um Espírito que
pensa. Não ignoremos que, frequentemente, muitos pensamentos nos acodem a um
tempo sobre o mesmo assunto e, não raro, contrários
uns aos outros. Pois bem! No
conjunto deles, estão sempre de mistura com os nossos. Daí a incerteza em que
nos vemos, pois temos em nós duas ideias a definirmos.
Para podermos distinguir os pensamentos que nos são próprios
dos que nos são sugeridos, é que os sugeridos, temos a impressão de que alguém nos
fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que acodem em primeiro
lugar. Afinal, não nos é de grande interesse estabelecer essa distinção.
Muitas vezes, é útil que não
saibamos fazê-la. Não à fazendo, obra o ser humano com mais liberdade. Se se
decide pelo bem, é voluntariamente que o pratica; se toma o mau caminho, maior
será a sua responsabilidade.
Os seres humanos inteligentes e de gênio tiram
suas ideias, onde algumas
vezes, elas lhes vêm do seu próprio Espírito, porém, de outras muitas,
lhes são sugeridas por Espíritos que os julgam capazes de compreendê-las
e dignos de vulgarizá-las. Quando tais seres humanos não as acham em si mesmos,
apelam para a inspiração. Fazem assim, sem o suspeitarem, uma verdadeira
evocação.
Se fora útil que pudéssemos
distinguir claramente os nossos pensamentos próprios dos que nos são sugeridos,
Deus nos houvera proporcionado os meios de o conseguirmos, como nos concedeu o
de diferençarmos o dia da noite. Quando uma coisa se conserva imprecisa, é que
convém assim aconteça.
O primeiro impulso pode ser bom ou mau, conforme a
natureza do Espírito encarnado. É sempre bom naquele que atende às boas
inspirações saber separar um do outro.
Para distinguirmos se um
pensamento sugerido procede de um bom Espírito ou de um Espírito mau, devemos
estudar o caso.
Os bons Espíritos só para o bem aconselham. Compete-nos discernir.
Os Espíritos imperfeitos nos
induzem ao mal para
que soframos como eles sofrem.
Isso não lhes diminui os sofrimentos,
mas mesmo
assim fazem-no por inveja, por não poderem suportar que haja seres
felizes.
A natureza do sofrimento que procuram
infligir aos outros, são os
que resultam de um ser de ordem inferior a criatura e de estar afastada
de Deus.
Deus permite que Espíritos nos excitem ao mal,
para que
os Espíritos imperfeitos ponham em prova a nossa fé e a constância na prática
do bem. A explicação é que como Espírito que somos, temos que progredir na
ciência do infinito. Daí o porquê passamos pelas provas do mal, para chegarmos
ao bem. A missão dos bons Espíritos consiste em nos colocarmos no bom caminho.
Enquanto que os Espíritos inferiores correm a nos auxiliar no mal, logo que
desejemos praticá-lo. Só quando queiramos o mal, podem eles nos ajudar para a
prática do mal. Se optarmos em sermos propensos a sermos ladrões, teremos em
torno de nós uma nuvem de Espíritos a nos alimentarem no íntimo esse pendor.
Mas, outros também nos cercarão, esforçando-se por nos influenciarem para o
bem, o que nos restabelecerá o equilíbrio da balança e nos deixa senhor dos nossos
atos.
É assim que Deus confia à nossa
consciência a escolha do caminho que devemos seguir, e a liberdade de cedermos
a uma ou outra das influências que se exercem sobre nós.
O ser humano pode eximir-se da
influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal. Por que eles só se apegam aos que, pelos
seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem.
Renunciam às suas tentativas os
Espíritos negativos porque quando
nada conseguem abandonam o campo. Entretanto, ficam à espreita de um momento
propício, como o gato que tocaia o rato.
Podemos neutralizar a influência
dos maus Espíritos, praticando
o bem e pondo em Deus toda a nossa confiança, repelir a influência dos
Espíritos inferiores e com isso aniquilaremos o império que desejem ter
sobre nós. Evitemos de atender às sugestões dos Espíritos que nos suscitam
maus pensamentos, que sopram a discórdia entre nós e que nos insuflam
as paixões más. Desconfiemos especialmente dos que nos exaltam o
orgulho, pois que esses nos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por
que Jesus, na oração dominical, nos ensinou a dizer: “Senhor! não nos
deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.”
Os Espíritos, que ao mal
procuram induzir-nos e que põem assim em prova a nossa firmeza no bem, não procedem
desse modo cumprindo missão. Sendo assim de responsabilidade deles. A nenhum Espírito é dada a
missão de praticar o mal.
Aquele que o faz fá-lo por
conta própria, sujeitando-se, portanto, às consequências. Pode Deus
permitir-lhe que assim proceda, para nos experimentar; nunca, porém.
Compete-nos assim, pois, repeli-lo.
Quando experimentamos uma
sensação de angústia, de ansiedade indefinível, ou de íntima insatisfação, sem que
lhe conheçamos a causa, devemos saber que é quase sempre efeito das comunicações em que
inconscientemente entramos com os Espíritos, ou da que com eles tivemos durante
o sono.
Os Espíritos que procuram
atrair-nos para o mal se limitam em aproveitar as circunstâncias em que nós achamos,
ou podem também criá-las aproveitando
as circunstâncias ocorrentes, mas também costumam criá-las, impelindo-nos, mau
grado nosso, para aquilo que cobicemos. Damos como exemplo dos Espíritos maus que
acabam encontrando em seu caminho uma pessoa, que achou uma certa quantia
perdida no chão. Eles podem inspirar a esta a ideia de tomar aquela direção e
sugerir-lhe depois a de se apoderar da importância achada, enquanto outros lhe
sugerem a de restituir o dinheiro ao seu legítimo dono. O mesmo se dá com
relação a todas as demais tentações.
POSSESSOS
Um
Espírito
não pode jamais tomar temporariamente o invólucro
corporal de uma pessoa viva. Isto
é, introduzir-se num corpo animado e obrar em lugar do outro que se acha encarnado
neste corpo. Jamais pode haver uma coabitação num corpo físico.
O que acontece é que ele Identifica-se com um Espírito
encarnado, cujos defeitos e qualidades sejam os mesmos que os seus, a fim de obrar
conjuntamente com ele. Mas, o encarnado é sempre quem atua, conforme quer,
sobre a matéria de que se acha revestido.
Desde que não haja possessão propriamente dita, pode a alma
ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada ou obsidiada ao ponto de a sua vontade vir a achar-se de certa maneira, paralisada.
Mas, é preciso que saibamos que
essa dominação não se efetua nunca sem que aquele que a sofre o consinta, quer
por sua fraqueza, quer por desejá-la. Muitos epilépticos ou loucos, que mais
necessitavam de médico que de exorcismos, têm sido tomados por possessos.
Geralmente tem pessoas que se utilizam deste vocábulo
possesso, na sua acepção vulgar, supondo a existência de demônios, isto
é, de uma categoria de seres maus por natureza, e a coabitação de um desses
seres com a alma de um indivíduo, no seu corpo.
A verdade é, que não há
demônios e que nem dois Espíritos não podem habitar simultaneamente o mesmo
corpo como já narramos no início. Portanto não há possessos na conformidade da ideia
a que esta palavra se acha associada. O termo possesso só se deve admitir
como exprimindo a dependência absoluta em que uma alma pode achar-se com
relação a Espíritos imperfeitos que a subjuguem.
Sempre
é possível a quem quer que seja, poder por si mesmo afastar os maus Espíritos e libertar-se
da dominação deles,
desde que com vontade firme o queira.
Pode acontecer que a fascinação
exercida pelo mau Espírito seja de tal ordem que o subjugado não a perceba.
Porém pode uma terceira pessoa fazer que cesse a sujeição da outra, sendo este um ser de bem. Sendo assim a
sua vontade poderá ter eficácia, desde que apele para o concurso dos bons
Espíritos, porque, quanto mais digna for a pessoa, tanto maior poder
terá sobre os Espíritos imperfeitos, para afastá-los. Todavia, nada poderá, se
o que estiver subjugado não lhe prestar o seu concurso. Dizemos
isto porque existe pessoas a quem agrada uma dependência que lhes
lisonjeia os gostos e os desejos. Qualquer, porém, que seja o caso,
aquele que não tiver puro o coração nenhuma influência exercerá. Pois os
bons Espíritos não lhe atenderão ao chamado e os maus não o temem.
As fórmulas de exorcismo não têm qualquer eficácia sobre os
maus Espíritos. Estes
riem e se obstinam, quando veem alguém tomar isso a sério.
Existem
pessoas
animadas e de boas intenções e que não deixam de ser obsidiadas. Onde o melhor
meio de se livrarem dos Espíritos
obsessores é cansar-lhes a paciência, não
lhes dando atenção para às sugestões, mostrando-lhes que perdem o tempo.
Em vendo que nada conseguem, afastam-se.
A prece é em tudo um poderoso
auxílio para a cura da obsessão. Mas, devemos crer que não basta que alguém
murmure algumas palavras, para
que obtenha o que deseja. Deus
assiste os que obram, não os que se limitam a pedir. É, pois, indispensável que
o obsidiado faça, por sua parte, o que se torne necessário para destruir em si
mesmo a causa da atração dos maus Espíritos.
Quanto ao termo mencionado no Evangelho a
expulsão de demônios, depende
muito da nossa interpretação. Se chamarmos de demônio um mau Espírito
que subjugue um indivíduo, e que desde lhe destruamos a influência, ele
terá sido verdadeiramente expulso. Se ao demônio atribuirmos como a
causa de uma enfermidade, quando a houvermos curado podemos dizer com
acerto que expulsamos um demônio. Uma coisa pode ser verdadeira ou
falsa, conforme o sentido que empreguemos às palavras.
As maiores verdades estão
sujeitas a parecer absurdos, uma vez que se atenda apenas à forma, ou que consideremos
como realidade a alegoria.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS
ESPÍRITOS
0 comentários:
Postar um comentário
ESTAMOS DISPOSIÇÃO DOS AMIGOS PARA ESCLARECER QUALQUER DÚVIDA.