quarta-feira, 21 de outubro de 2020

POLITEÍSMO.

 

O LIVRO DOS ESPÍRITOS.CAPÍTULO II. PARTE TERCEIRA.

POLITEÍSMO


 

O Politeísmo mesmo sendo uma das crenças mais antigas e mais espalhadas, e falsa, por que:

Porque a ideia de um Deus único só podia aparecer como resultado do desenvolvimento mental do ser humano. Incapaz na sua ignorância, de conceber um ser imaterial sem forma determinada agindo sobre a matéria, ele lhe havia dado os atributos da natureza corpórea, ou seja: uma forma e uma figura, e desde então tudo o que lhe parecia ultrapassar as proporções da inteligência comum tornava-se para ele uma divindade. Tudo quanto não compreendia devia ser obra de um poder sobrenatural, e disso a acreditar em tantas potências distintas quantos os efeitos pudesse ver não ia mais do que um passo. Mas em todos os tempos houve seres esclarecidos que compreenderam a impossibilidade dessa multidão de poderes para governar o mundo sem uma direção superior, e se elevaram ao pensamento de um Deus único.

Os fenômenos espíritas produzidos a tempos atrás, e conhecidos desde as primeiras eras do mundo, contribuíram para a crença da pluralidade dos deuses, porque para os seres humanos que chamavam deus a tudo o que era sobre-humano, os Espíritos pareciam deuses. E também por isso quando um ser humano se distinguia dentre os demais pelas suas ações, pelo seu gênio ou por um poder oculto que o vulgo não podia compreender, faziam dele um deus e lhe rendiam culto após a morte.

 

Comentário de Kardec: A palavra deus tinha entre os antigos uma acepção muito extensa; não era, como em nossos dias, uma designação do Senhor da Natureza, mas uma qualificação genérica de todos os seres não pertencentes às condições humanas. Ora, tendo as manifestações espíritas lhes revelado a existência de seres incorpóreos que agem como forças da Natureza, eles os chamaram deuses, como nós os chamamos Espíritos. Uma simples questão de palavras. Com a diferença de que, em sua ignorância entretida deliberadamente pelos que tinham interesse em mantê-la, elevaram templos e altares lucrativos a esses seres, enquanto para nós eles não passam de criaturas nossas semelhantes mais ou menos perfeitas, despojadas de seu envoltório terreno. Se estudarmos com atenção os diversos atributos das divindades pagas, reconheceremos sem dificuldade todos os que caracterizam os nossos Espíritos, em todos os graus da escala espírita, seu estado físico nos mundos superiores, todas as propriedades do períspirito e o papel que exercem no tocante às coisas terrenas.

O Cristianismo vindo aclarar o mundo com a sua luz divina, não podia destruir uma coisa que está na própria Natureza, mas fez que a adoração se voltasse para aquele a que realmente pertence. Quanto aos Espíritos, sua lembrança se perpetuou sob diversos nomes segundo os povos, e suas manifestações, que jamais cessaram, foram diversamente interpretadas e frequentemente exploradas sob o domínio do mistério.  Enquanto a religião as considerava como fenômenos miraculosos, os incrédulos as tomara por charlatanice. Hoje, graças a estudos mais sérios, feitos a plena luz o Espiritismo, liberto das ideias supersticiosas que o obscureceram através dos séculos, nos revela um dos maiores e mais sublimes princípios da Natureza.

Bibliografia: O Livro dos Espíritos.

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