segunda-feira, 26 de outubro de 2020

FLAGELOS DESTRUIDORES.

 


LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO VI.

FLAGELOS DESTRUIDORES.

 

Deus permite que a natureza castigue a Humanidade com flagelos destruidores dentro das suas leis, para fazê-la avançar mais depressa.  Isto não quer dizer que a destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem em cada nova existência um novo grau de perfeição. Flagelo dito pelo ser humano são coisas do ponto de vista pessoal dos seres humanos que assim o chamam, por causa dos prejuízos que os causam; mas esses transtornos são frequentemente necessários para fazer com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos.

Deus pode empregar para melhorar a Humanidade, outros meios que não os flagelos destruidores, e diariamente os emprega, pois deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. E o ser humano que não os aproveita; então, é necessário castigá-lo em seu orgulho e fazê-lo sentir a própria fraqueza.

Se nesses flagelos o ser humano de bem sucumbi como os perversos, é que durante a vida, o ser humano se relaciona tudo a seu corpo, mas, após a  morte pensa de outra maneira. Como já foi dito, a vida do corpo é um quase nada; um século no mundo material, sendo um relâmpago na Eternidade. Os sofrimentos que duram alguns meses ou dias, nada são. Apenas um ensinamento que servirá no futuro. Os Espíritos que preexistem e sobrevivem a tudo, eis o mundo real.  São eles os filhos de Deus e o objeto de sua solicitude. Os corpos não são mais que disfarces sob os quais aparecem no mundo. Nas grandes calamidades que dizimam os seres humanos, eles são como um exército que, durante a guerra, vê os seus uniformes estragados, rotos ou perdidos. O general tem mais cuidado com os soldados do que com as vestes.

As vítimas desses flagelos, apesar disso, não são vítimas, se considerássemos a vida no que ela é, e quanto é insignificante em relação ao infinito, menos importância lhe daria. Essas vítimas terão noutra existência uma larga compensação para os seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem lamentar.

Comentário de Kardec: Quer a morte se verifique por um flagelo ou por uma causa ordinária, não se pode escapar a ela quando soa a hora da partida: a única diferença é que no primeiro caso parte um grande número ao mesmo tempo.

Se pudéssemos elevar-nos pelo pensamento de maneira a abranger toda a Humanidade numa visão única, esses flagelos tão terríveis não nos pareceriam mais do que tempestades passageiras no destino do mundo.

 Esses flagelos destruidores têm utilidade do ponto de vista físico, malgrado os males que ocasionam, porque eles modificam algumas vezes o estado de uma região; mas o  bem que deles resulta só é geralmente sentido pelas gerações futuras.

Os flagelos são provas que proporcionam ao ser humano a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar a sua paciência e a sua resignação ante a vontade de Deus. Ao mesmo tempo em que lhe permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo, se ele não for dominado pelo egoísmo.

E dado ao ser humano conjurar os flagelos que o afligem em parte, mas não como geralmente se pensa. Muitos flagelos são as consequências de sua própria imprevidência. Á medida que ele adquire conhecimentos e experiências, pode conjurá-los, quer dizer, preveni-los, se souber pesquisar lhes as causas. Mas entre os males que afligem a Humanidade, há os que são de natureza geral e pertencem aos desígnios da Providência. Desses, cada indivíduo recebe, em menor ou maior proporção, a parte que lhe cabe, não lhe sendo possível opor nada mais que a resignação à vontade de Deus. Mas ainda esses males são geralmente agravados pela indolência do ser humano.

Comentário de Kardec: Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do ser humano, devem ser colocados em primeira linha a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais à produção da terra. Mas o ser humano não achou na Ciência, nos trabalhos de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, os meios de neutralizar ou pelo menos de atenuar tantos desastres. Algumas regiões antigamente devastadas por terríveis flagelos não estão hoje resguardadas? Que não fará o ser humano, portanto, pelo seu bem-estar material, quando souber aproveitar todos os recursos da sua inteligência e quando, ao cuidado da sua preservação pessoal, souber aliar o sentimento de uma verdadeira caridade para com os semelhantes? 


Esta resposta coloca de maneira bem clara o problema dos “saltos” da Natureza, de que tratamos em nota anterior. “O salto qualitativo” a que se refere à dialética marxista, e que para alguns contradiz a ordem evolutiva da doutrina espírita, é exatamente essa espécie de “transtornos” que apressam o desenvolvimento. Como se vê, o Espiritismo reconhece a existência e a necessidade desses “transtornos”, mas integrados no processo geral da evolução, não os admitindo como quebra desse processo.

 

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

DIVULGADO PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.

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