O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO III.
A ALMA APÓS A MORTE DO CORPO FÍSICO.
A alma no
instante da morte do corpo físico, volta a ser Espírito, ou seja,
retorna ao mundo dos Espíritos que ela havia deixado temporariamente.
A alma
conserva a sua individualidade após a morte do corpo, não a perdendo jamais. O que seria
ela se não a conservasse.
A alma constata
a sua individualidade, não tendo mais o corpo material, porque
tem um fluido que lhe é próprio, que
tira da atmosfera do seu planeta e que representa a aparência da sua última
encarnação: seu períspirito.
A alma leva
deste mundo
nada mais que a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor. Essa lembrança
é cheia de doçura ou de amargor, segundo o emprego que tenha dado à vida.
Quanto mais pura para ela for, mais compreenderá a futilidade daquilo que
deixou na Terra.
O conjunto dos Espíritos quando está
numa assembleia, faz parte da mesma e, não obstante, conservas a sua
individualidade.
Prova que
podemos ter da individualidade da alma após a morte. Não temos esta prova pelas
comunicações que obtendemos, se não estivermos cegos, veremos; e se não
estivermos surdos, ouviremos; pois frequentemente uma voz nos fala e nos revela
a existência de um ser que está ao nosso redor.
Comentário
de Kardec: Os
que pensam que a alma, com a morte, volta ao todo universal, estarão errados,
se por isso entendem que ela perde a sua individualidade, como uma gota d’água
que caísse do oceano. Estarão certos, entretanto, se entenderem pelo todo
universal o conjunto dos seres incorpóreos de cada alma ou Espírito é um
elemento.
Se as almas se confundissem no todo,
não teriam senão as qualidades do conjunto, e nada as distinguiria entre si;
não teriam inteligência nem qualidades próprias. Entretanto, em todas as
comunicações elas revelam a consciência do eu e uma vontade distinta. A
diversidade infinita que apresentam, sob todos os aspectos, é a consequência da
sua individualização. Se não houvesse, após a morte, se não o que se chama o
Grande Todo, absorvendo todas as individualidades, esse todo seria homogêneo e,
então, as comunicações recebidas do mundo invisível seriam todas idênticas.
Desde que encontramos seres bons e maus, sábios e ignorantes, felizes e
desgraçados, e dede que os há de todos os caracteres: alegres e tristes,
levianos e sérios etc., é evidente que se trata de seres distintos.
A individualização ainda se evidencia
quando esses seres provam a sua identidade através de sinais incontestáveis, de
detalhes pessoais relativos à vida terrena e que podem ser contestados; ela não
pode ser posta em dúvida, quando eles se manifestam por meio de aparições. A
individualidade da alma foi teoricamente ensinada como um artigo de fé, mas o
Espiritismo a torna patente, e de certa maneira material.
A vida do Espírito é eterna; a do
corpo é transitória, passageira. Quando o corpo morre, a alma retorna à vida
eterna.
Seria mais
exato chamarmos a vida eterna a dos Espíritos puros, que, tendo atingido o grau
de perfeição, não têm mais provas a sofrer.
Essa
é a felicidade eterna. Mas tudo isto é uma questão de palavras, e como
quisermos, desde que entendamos assim.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos.
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